17 de fevereiro de 2011

Brasil só protege 1 de cada 4 espécies ameaçadas

O Brasil só conhece um décimo das espécies que tem. E das que conhece, só protege 25% daquelas ameaçadas de extinção. Além disso, apenas 10% dos animais terrestres ameaçados (mamíferos, aves, répteis e anfíbios) são objeto de pesquisa. Os dados são de um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com Nilo Saccaro Junior, pesquisador do instituto, “o Brasil não conhece quase nada sobre a diversidade genética dos animais”. Segundo ele, isso dificulta a tomada de decisões sobre medidas que visam a preservar as espécies. O entrave está na falta de organização e dos métodos de pesquisa. “Tivemos muita dificuldade para realizar o estudo sobre a biodiversidade brasileira porque as informações não são compatíveis, e as pesquisas são pontuais, não amplas”, afirmou.
O Papagaio-de-cabeça-laranja, Pyrilia aurantiocephala, é conhecido somente em algumas localidades dos Baixo Rio Madeira e do Alto Rio Tapajós, no Brasil. Essa espécie pode entrar na lista das ameaçadas de extinção pelo fato de sua população ser razoavelmente pequena e estar em declínio devido à perda de habitat (Arthur Grosset /WWF)
O fato de o Brasil proteger apenas uma a cada quatro espécies em extinção e conhecer apenas um décimo das espécies de fauna e flora do país faz com que grandes obras ameacem espécies nunca catalogadas. Mesmo sendo feitos estudos ambientais antes da construção de barragens, por exemplo, “pode ser que espécies nunca descritas pela ciência sejam perdidas e jamais recuperadas”, disse Júlio César Roma, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.

Campeão do desmatamento - Enquanto todos os olhos estão normalmente voltados à Amazônia e à Mata Atlântica, o Cerrado surgiu, proporcionalmente, como o “campeão do desmatamento” no relatório do Ipea. A região amazônica perdeu 2,6% do território (109.120 quilômetros quadrados) por causa do desmatamento entre 2002 e 2008. No cerrado, proporcionalmente, a taxa foi quase o dobro, 4,17% (35.213 quilômetros quadrados).
A ‘surpresa’ veio porque até 2009 não havia monitoramento contínuo sobre o desmatamento do bioma. “Quando comparamos as imagens a partir do monitoramento contínuo que começou há dois anos é que vimos essas altas taxas”, afirmou João Paulo Viana, técnico que também participou na elaboração do relatório.

Águas perigosas - O bioma menos preservado é a zona marinha brasileira. Apenas 1,5% da região costeira brasileira está protegida por lei. Descontadas as áreas com critério mais brando de preservação, esse valor cai para 0,3%. O valor é muito distante dos 10% assumidos pelo Brasil e outras nações na 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-16), em Nagoia, em 2010.

Em 2004, o Ministério do Meio Ambiente publicou um mapa dos biomas brasileiros, mas recebeu críticas por não ter incluído a região marinha. Só a partir daí a zona costeira brasileira passou a ser levada em consideração como bioma dentro das políticas públicas.

Fonte: VEJA.com

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