O Brasil só conhece um décimo das espécies que tem. E das que conhece, só protege 25% daquelas ameaçadas de extinção. Além disso, apenas 10% dos animais terrestres ameaçados (mamíferos, aves, répteis e anfíbios) são objeto de pesquisa. Os dados são de um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com Nilo Saccaro Junior, pesquisador do instituto, “o Brasil não conhece quase nada sobre a diversidade genética dos animais”. Segundo ele, isso dificulta a tomada de decisões sobre medidas que visam a preservar as espécies. O entrave está na falta de organização e dos métodos de pesquisa. “Tivemos muita dificuldade para realizar o estudo sobre a biodiversidade brasileira porque as informações não são compatíveis, e as pesquisas são pontuais, não amplas”, afirmou.
Campeão do desmatamento - Enquanto todos os olhos estão normalmente voltados à Amazônia e à Mata Atlântica, o Cerrado surgiu, proporcionalmente, como o “campeão do desmatamento” no relatório do Ipea. A região amazônica perdeu 2,6% do território (109.120 quilômetros quadrados) por causa do desmatamento entre 2002 e 2008. No cerrado, proporcionalmente, a taxa foi quase o dobro, 4,17% (35.213 quilômetros quadrados).
A ‘surpresa’ veio porque até 2009 não havia monitoramento contínuo sobre o desmatamento do bioma. “Quando comparamos as imagens a partir do monitoramento contínuo que começou há dois anos é que vimos essas altas taxas”, afirmou João Paulo Viana, técnico que também participou na elaboração do relatório.
Águas perigosas - O bioma menos preservado é a zona marinha brasileira. Apenas 1,5% da região costeira brasileira está protegida por lei. Descontadas as áreas com critério mais brando de preservação, esse valor cai para 0,3%. O valor é muito distante dos 10% assumidos pelo Brasil e outras nações na 16ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-16), em Nagoia, em 2010.
Em 2004, o Ministério do Meio Ambiente publicou um mapa dos biomas brasileiros, mas recebeu críticas por não ter incluído a região marinha. Só a partir daí a zona costeira brasileira passou a ser levada em consideração como bioma dentro das políticas públicas.
Fonte: VEJA.com
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