7 de novembro de 2010

Troca de dutos devasta 650 mil m² de floresta

Mais de 64 hectares da Mata Atlântica nos limites do Grande ABC estão sendo devastados e até o momento poucas prefeituras se moveram para compensar o processo. São mais de 650 mil metros quadrados de mata nativa que estão sendo colocados abaixo. Desde junho, a Petrobras está instalando 39 quilômetros de tubulação de gás natural por meio da derrubada. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra foram as únicas a cobrar compensações ambientais até o momento.

Segundo o último levantamento da SOS Mata Atlântica, a floresta recuou 15 hectares desde 2008 até o início de 2010 por conta de ocupações irregulares e obras do Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas. A área derrubada pelo gasoduto corresponde a quatro estádios com tamanho equivalente ao do Morumbi (de 145 mil metros quadrados).
A empresa recebeu em maio o aval da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para a instalação do gasoduto. A Secretaria do Meio Ambiente do Estado também estipulou que a Petrobras deverá arcar com as compensações ambientais exigidas pelas prefeituras.

A faixa de desmatamento, com 30 metros de largura, destaca-se entre a manta vegetal. Nas nascentes d’água, operários plantam tapetes de grama e cercam o entorno. Em muitos locais, o acesso é feito apenas por maquinário pesado. A tubulação é aterrada, e em terrenos pantanosos ou sobre riachos, os dutos são envoltos com concreto.
Funcionários dos canteiros de obras explicaram que a técnica impede a flutuação dos canos. “O gás permite que os dutos fiquem sobre o nível da água, e o concreto faz com que não se movam”, disse um técnico que preferiu não se identificar.

COMPENSAÇÕES
A administração de Rio Grande da Serra está elaborando plano de compensação ambiental. A Prefeitura informou que as conversas com a Petrobras renderam R$ 3 milhões em ações no município.

A Secretaria de Obras apresenta nos próximos dias as intervenções financiadas pela estatal. No Sítio Maria Joana, por exemplo, uma das compensações é o recapeamento da Rua Terezinha Anoni Castelucci. Em dias de chuva, a via fica praticamente intrafegável.
Em Ribeirão Pires, 1.800 árvores serão replantadas em áreas indicadas pela Cetesb. Segundo a Prefeitura, a região degradada cobre 12 mil metros quadrados no município
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CARONA
A funcionária pública Vilma de Paula, 71 anos, mora em sítio próximo à Estrada Velha de Santos. Nas primeiras semanas de obras do gasoduto, ela teve de pedir carona aos operários todas as vezes em que precisou acessar a rodovia. “Não conseguia chegar à Estrada Velha porque o canteiro de obras impedia o tráfego. Em um mês os funcionários desistiram de me ajudar”, disse.

Vilma protocolou a reclamação na ouvidoria da Petrobras. “Mas não tive retorno. Foram os dias mais difíceis para mim”, lamentou.

Corredor de terra com paredes de madeira empilhada: o cenário assustou a assistente de diretoria da empresa Água Pilar, Elvira Bonfante Alves, 54. “A devastação não assusta apenas. O maquinário também atrapalha o tráfego na cidade”, afirmou Elvira, referindo-se à Estrada do Sapopemba, em Ribeirão Pires.

Fonte: http://www.dgabc.com.br

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