23 de fevereiro de 2011

Consumidores de SP "ajudam a financiar" devastação da Amazônia, diz estudo

Soja, madeira e carne consumidas na cidade de São Paulo ajudam a financiar a devastação da Amazônia, diz estudo a ser lançado nesta quarta-feira (23) por organizações não governamentais. A análise Estudo Conexões Sustentáveis: São Paulo – Amazônia revela que empresas que vendem para o grande público ignoram se os fornecedores já sofreram processos na Justiça por usar mão de obra escrava e por praticar desmatamento ilegal, entre outros crimes ambientais.

No total, 22 empresas atacadistas - frigoríficos, empreiteiras, empresas alimentícias, entre outras -  são mencionadas no estudo, assinado pela ONG Repórter Brasil, Rede Nossa São Paulo e Fórum Amazônia Sustentável (as duas últimas reúnem uma série de ONGs e empresas). A análise será apresentada nesta quarta-feira em seminário no Sesc Vila Mariana, na zona sul da capital (veja serviço abaixo).
Em um dos casos apresentados, cinco dessas empresas - Frialto/Vale Grande, Guaporé Carne, JBS Friboi, Quatro Marcos e Pantanal - compraram carne de um pecuarista de Mato Grosso multado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) em R$ 14 milhões por desmates ilegais. As compras aconteceram entre novembro de 2008 e agosto de 2010 (leia abaixo o que disseram as empresas).

A JBS Friboi é mencionada em outros três casos considerados controversos. Com escritórios e unidades produtivas espalhadas por 21 países, a JBS não falou ao R7 até o momento em que esta reportagem foi publicada.

Em outro caso, as empresas chegam a ignorar que um produtor de soja de Mato Grosso figura entre os cem maiores desmatadores da Amazônia segundo o Ministério do Meio Ambiente. O estudo rastreou duas empresas de São Paulo que compraram soja desse produtor. Os produtos podem ser facilmente encontrados em supermercados de pequeno porte de São Paulo, segundo o estudo.

Para Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, uma das responsáveis pela análise, os 12 casos analisados no estudo (cinco sobre madeira, quatro de soja e três de pecuária bovina) alertam para a importância de se fazer um consumo responsável. Para ele, cada cidadão pode fazer sua parte ao optar por empresas que assinam pactos ambientais ou ao cobrar dos gerentes de lojas para que essa empresa passe a comprar de organizações responsáveis.

Segundo ele, o estudo enfoca apenas a capital paulista por ser a principal consumidora dos produtos cuja origem prejudicam a floresta Amazônica. Outras cidades também contribuem com o problema, segundo a ONG. O estudo completo pode ser acessado no site da ONG Repórter Brasil.

Fiscalização do governo

Carlos Eduardo Beduschi, diretor do Centro de Programas de Uso Sustentável da Secretaria do Estadual do Meio Ambiente, afirmou que o governo de São Paulo faz, desde 2007, uma série de fiscalizações nas estradas e nas empresas. Beduschi ainda afirma que os critérios para as licitações do Estado estão cada vez mais rígidos em relação às questões ambientais.

Beduschi, no entanto, reconhece que é difícil de o Estado detectar produtos já prontos para serem comercializados que usaram material ilegal. Ele também admite que a Polícia Ambiental tem poucos homens para fiscalizar todo o Estado. Segundo ele, o efetivo atualmente firam em torno de 2.200 homens para fiscalizar todos os crimes ambientais.

Outro lado
Entre os cinco frigoríficos que compraram carne do pecuarista multado em R$ 14 milhões, o único que respondeu diretamente à reportagem foi o Guaporé. De acordo com o gerente Claudio Silva, a empresa realmente comprou do pecuarista, mas a fazenda que forneceu a carne não estava embargada. A mesma explicação foi dada aos pesquisadores pela Vale Grande/Frialto.

Já o JBS afirmou aos pesquisadores que "segue rigorosamente a determinação de não comprar bois de fazendas embargadas pelo Ibama". Os frigoríficos Quatro Marcos e Pantanal não foram localizados pela reportagem tampouco pelos pesquisadores.

O Ibama também foi procurado pelo R7 para comentar o estudo, mas não retornou até o momento em que essa reportagem foi publicada.

Serviço: Seminário de Apresentação do Estudo Conexões Sustentáveis: São Paulo–Amazônia
Quando: nesta quarta-feira, das 9h às 17h
Onde: auditório do Sesc Vila Mariana (rua Pelotas, 141 - São Paulo)
Quanto: grátis

Fonte: R7.com

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