22 de fevereiro de 2011

Meio ambiente x classe média (Por Ateneia Feijó)

Não é de hoje que o Banco Mundial (Bird) e o Brasil são parceiros. Desde 1949 o banco trabalha com o país, já tendo financiado US$ 44,8 bilhões para projetos governamentais de desenvolvimento econômico e social. Sua meta básica sempre foi reduzir a pobreza por meio de assistência técnica e financeira, com um objetivo: o de melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Nem por isso escapou de erros homéricos, cometidos com a melhor das intenções. Um exemplo? Ter apoiado e incrementado entusiasticamente programas em Rondônia, na década de 1970, que provocaram grande desmatamento e devastação na região. Mas equívocos deste tipo servem para que se aprenda com eles; a tempo de se evitar desastres irreversíveis.
Em entrevista a Vivian Oswald (no O Globo deste domingo), o senegalês Makhtar Diop, diretor do Bird para o Brasil, informa que para o próximo ano fiscal há uma reserva de US$ 3,5 bilhões destinados a realização de projetos no país. Porém, a estratégia para o financiamento será revista e atualizada. Começando a levar em conta o meio ambiente e o crescimento econômico sustentado.
O motivo? Embora tenha se mostrado capaz de resistir a choques econômicos, o Brasil ainda está despreparado para enfrentar catástrofes naturais como a que aconteceu na Região Serrana do Rio de Janeiro. Diop considera as tragédias ambientais como "uma questão econômica e não apenas climática", principalmente porque elas afetam os mais pobres.
Além disso, sem sistemas de segurança ambiental, educação e tecnologia não existe infraestrutura nem crescimento que se sustente por muito tempo. Ou seja, o significado de sustentabilidade vai muito além do que a maioria imagina. E exige uma revisão do conceito de "classe média". Sim. Sob o ponto de vista do diretor do Bird, não adianta a chegada maciça de pessoas à classe média sem que o setor produtivo também chegue lá.
Em um país dividido em (entre?) poucas grandes empresas competitivas e milhares de outras deficitárias não há setor produtivo saudável. Segundo Diop, em países como a Alemanha, "há uma grande rede de médias empresas que ajudaram a criar um tecido econômico sólido".
Não basta a renda da bem-vinda classe C. É imprescindível a qualificação profissional (mão de obra especializada e aprimoramento intelectual constante), a fim de garantir uma sociedade brasileira empreendedora que ascenda e se sustente. Educada... Como o meio ambiente gosta.

Fonte: O Globo

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