Enquanto o ar frio dava aos paulistanos uma trégua, mantendo boa a qualidade do ar na região metropolitana, as queimadas no Centro-Oeste e na Amazônia elevavam os níveis de monóxido de carbono (CO) e particulados na capital federal.
Medido pelo deficit de leitos, o número de internações por poluição no Distrito Federal subiu. "No ano passado eram 10%; neste ano o deficit é de 17%", diz Paulo Feitosa, da Secretaria da Saúde.
Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Distrito Federal teve à 0h de ontem 30 microgramas de material particulado fino por metro cúbico de ar. "Em São Paulo, nos períodos críticos de poluição, você tem de 50 a 100 microgramas", diz o físico Saulo Ribeiro de Freitas, do Inpe.
Ele desenvolveu um modelo de computador que "traduz" a qualidade do ar com base em imagens de satélite.
300 vezes mais fogo
Se para Brasília essa tradução é ruim, para a Amazônia ela é dramática: o norte de Mato Grosso e o sul do Pará tiveram ontem, pelo sistema, cerca de 3.000 partes por bilhão de CO --mais que o dobro do registrado na região metropolitana de SP.
O sistema não monitora níveis de poluentes importantes, como o ozônio, mas medições pontuais na Amazônia mostraram que também são mais altos durante queimadas do que em São Paulo.
Segundo Freitas, o número de focos de queimada neste ano é 300 vezes maior do que em 2009. E o inverno mais seco do que a média só explica parte do problema.
"Em 2008 e 2009 tivemos uma situação anormal", diz. "Diminuiu muito [o número de queimadas] em consonância com a queda no desmatamento, por causa de mais rigor na fiscalização e da crise econômica."
Fonte: http://www.primeiraedicao.com.br
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