19 de junho de 2011

Amazônia Legal perde 165 Km² de matas com desmatamento

Levantamento divulgado pela organização ambiental brasileira Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) aponta que a Amazônia Legal perdeu 165 km² de florestas devido ao desmatamento em maio, número que é 72% superior ao registrado no mesmo mês de 2010, quando a floresta perdeu 96 km² por corte raso (destruição total da mata).

Gerados a partir de imagens de satélite, os dados apresentam ainda um crescimento de 24% no desmatamento entre agosto de 2010 e maio de 2011, no comparativo com agosto de 2009 e maio de 2010. De acordo com o Imazon, desapareceu da Amazônia, nos últimos dez meses, uma área superior ao tamanho do município do Rio de Janeiro.

Devido à cobertura de nuvens, que atrapalha os satélites, o instituto monitorou 47% da área florestal na Amazônia Legal em maio. A região central e norte do Pará, e os estados do Amapá e Roraima estiveram mais de 80% encobertos.

O índice está próximo aos 27% de crescimento na devastação registrados pelo sistema de detecção de desmatamentos em tempo real (Deter) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), utilizado pelo governo federal como fonte oficial para combater os crimes ambientais no bioma.

Segundo Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, o acumulado de 24% é preocupante e poderá aumentar se não houver um controle. "Mas ainda não significa que a derrubada da vegetação vai voltar a níveis estratosféricos. Até 2004, existia um desmatamento anual de 24 mil km². Entretanto, o governo deve ficar em alerta porque os índices que apenas caíam anualmente, agora, voltaram a subir", disse Veríssimo

De acordo com o levantamento do Imazon, na avaliação dos últimos 10 meses o estado de Mato Grosso foi o que mais registrou desmatamento (saltou de 288 km² para 558 km², alta de 94%). O Pará registrou decréscimo de 33% na devastação da floresta, mas ainda derrubou uma área equivalente a 19 vezes o tamanho da ilha de Fernando de Noronha (PE).

Segundo o pesquisador, em Rondônia, por exemplo, tem ocorrido derrubada da floresta por influência de obras federais como a construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira. "Os municípios com grave situação de devastação da floresta no Pará também tem relação com a construção dos canteiros de obra da usina de Belo Monte, no rio Xingu. O município de Altamira, segundo o Imazon, foi responsável por desmatar 22 km² em maio deste ano", afirmou Veríssimo.

De acordo com o pesquisador, o que tem acontecido também é uma derrubada da vegetação devido à especulação em volta do novo Código Florestal, que modifica as regras na legislação ambiental e rural do país. "É uma incerteza que tem gerado o desmatamento especulativo e não produtivo. Muita gente tem feito isso para garantir terra", afirmou.

Centro Oeste tem início da temporada de queimadas

Com a proximidade do período de estiagem no Brasil, que começou este mês e segue até setembro, o governo federal prevê uma 'explosão' de queimadas em 2011, principalmente em Mato Grosso, estado responsável pelo maior índice de desmatamento neste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pela gestão do Prevfogo, sistema nacional de prevenção aos incêndios florestais, áreas de mata nativa que foram derrubadas podem ser atingidas por incêndios clandestinos, no intuito de limpar terrenos para dar espaço à agricultura.

"A Região Centro-Oeste é a que mais poderá sofrer com isso. O fogo é a forma de manejo mais utilizada para limpeza de terrenos antes da implantação de pastagem. Mato Grosso poderá registrar mais ocorrências porque até agora é o estado que mais desmatou", afirmou José Carlos Mendes de Morais, coordenador do Prevfogo.

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), dos 593,0 km² de desmatamento detectados entre março e abril na região da Amazônia legal, 480,3 km² ficam em Mato Grosso. Uma das regiões mais afetadas foi a fronteira entre o Cerrado e a Amazônia. "Essas áreas estão embargadas e nada poderá ser feito porque houve o desmatamento ilegal. Nós aumentamos nossa fiscalização em Mato Grosso, onde há vários casos de fragilidade, e ainda analisamos ocorrências graves em Rondônia, Tocantins e Pará, estados que no ano passado registraram grandes quantidades de queimadas", disse Morais.

O Prevfogo conta com 2.500 funcionários entre analistas, brigadistas e técnicos. "É um apoio do governo federal às esferas estadual e municipal no combate às queimadas", complementou o coordenador do sistema de prevenção aos incêndios.

Levantamento feito pelo Ibama no estado de Rondônia já aponta um crescimento de 10% nos casos de queimada entre janeiro e junho deste ano. De 1º de janeiro a 13 de junho de 2010, foram registrados 306 focos de calor no estado. No mesmo período de 2011 já são 338, principalmente nas margens de rodovias federais, o que dificulta o combate.No Brasil, foram detectados por satélite 133.149 focos de incêndio no ano passado, a maioria concentrada em Mato Grosso (35 mil), Tocantins (18 mil) e Pará (17 mil).



Fonte: http://tribunadonorte.com.br

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