12 de dezembro de 2010

Várzea do Marituba: o pantanal em Alagoas

Várzea do Marituba do Peixe. Sem dúvida um paraíso ecológico de águas claras, animais silvestres, de vegetação rica, que tenta sobreviver de perto com interferência do homem. Um verdadeiro pantanal em terras alagoanas, localizado às margens do Velho Chico, que funciona como berçário de várias espécies de peixes que vivem e dão vida ao rio. São 18.600 hectares água e terra. Uma área comparada a extensão de 18.556 mil campos de futebol um ao lado do outro.
Esse éden de ecossistema variado corta os municípios de Feliz Deserto, Penedo e Piaçabuçu. Desde o final da década de 1980 o local é uma Área de Preservação Ambiental (APA) e para continuar “viva” tenta se recuperar do desmatamento descontrolado, da pesca predatória, da caça de animais silvestres, da queimada, criação de lixões e da interferência continua do homem. Sem falar das ações descontroladas nos rios Piauí e Marituba, que formam a várzea e no próprio Rio São Francisco, que sofre com o assoreamento.
Com a criação da Unidade de Conservação, em 1988, a área passou a ser protegida por Lei e qualquer interferência sem autorização e estudo prévio, pode gerar multa e até prisão, segundo prevê a Legislação de Crimes Ambientais. Isso não evitou, entretanto, que o descaso contra a natureza continuasse, porém fez com que a maioria deles diminuísse. Na tentativa de mudar a realidade da área, houve ainda a instalação do Conselho Gestor e do Plano de Manejo, que tenta conscientizar as comunidades ribeirinhas para ações de educação ambiental em pró do Marituba do Peixe.
O problema é que o trabalho dos órgãos ambientais acaba esbarrado nas questões sociais da sofrida comunidade. Um deles é a liberação da verba para compensar o defeso, que evitaria a pesca predatória, durante o período em que os pescadores ficam impedidos de exercer suas atividades. Só que um mês após o inicio da proibição de pesca, que começou no dia primeiro de novembro e vai até o dia primeiro de fevereiro, o recurso de um salário mínimo por mês não foi liberado pelo governo Federal.
De mãos atadas e tendo que manter a sobrevivência de suas famílias, os pescadores continuam a pesca predatória. Em passagem na APA do Marituba na última semana, a reportagem de O JORNAL flagrou esse descuido com a natureza, onde várias redes de pesca espalhadas foram encontradas dentro do rio. Os pescadores lamentam a situação, mas dizem não ter opção e que precisam sobreviver.
Outra situação encontrada na APA foram focos pequenos de queimadas, feitos na maioria das vezes pelos próprios ribeirinhos que querem abrir passagem até pontos com maior concentração de água. Essa prática é comum, e é utilizada para facilitar a pesca e a agricultura. O problema é que eles não têm consciência do dano que estão causando a vegetação, que fica seca em determinadas épocas do ano, e só se recuperam com o alagamento da área.

Fonte: http://www.ojornalweb.com

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