9 de dezembro de 2010

Negociadores tentam aparar arestas em Cancún para fechar acordo do clima

CANCÚN, México — Os negociadores do clima esperam que as negociações do clima organizadas pela ONU eliminem as diferenças que impedem a conclusão de um acordo para combater o desmatamento e ajudar os países pobres mais atingidos pelos efeitos do aquecimento global.
Um ano depois do fracasso da cúpula de Copenhagen, as Nações Unidas e o anfitrião México tentam manter as esperanças nas negociações, abordando um tema de cada vez para então chegar a um acordo mais amplo.
As discussões estão previstas até sexta-feira, e muitos negociadores acreditam ser possível chegar a um acordo que contemple três pontos fundamentais: a montagem de um fundo global para o clima, o suporte para desencorajar o desmatamento e a verificação das garantias de cada país.
"Estou cuidadosamente otimista de que conseguiremos o que viemos aqui para fazer", disse o negociador brasileiro, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo.
A ministra brasileira do Meio Ambiente Izabella Teixeira, por sua vez, comentou que "começa agora o processo de salas fechadas, negociadores nervosos, trabalhando madrugada adentro sem comer".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse esperar que os mais de 190 países reunidos no balneário mexicano possam chegar a um consenso acerca de meios para controlar o desmatamento, uma das principais fontes de emissão de gás carbônico do planeta.
"Precisamos trazer esperança para o público global, que está cada vez mais descrente com os avanços pequenos alcançados nas reuniões sobre as mudanças climáticas", indicou Ban em um comunicado.
Calcula-se que o desmatamento responda por 12% a 25% das emissões anuais de gás carbônico.
Os países ricos prometeram dedicar 4,5 bilhões de dólares para combater o desmatamento. O maior doador é a Noruega, que já trabalha com a Indonésia em um amplo plano para proteger as florestas tropicais do arquipélago.
"Estamos quase lá. Está quase pronto. Mas agora estamos tentando simplificar tudo e ver como podemos alcançar os benefícios", disse o ministro das Florestas nepalês Deepak Bohra.
Um primeiro rascunho da proposta estabelece detalhes técnicos para definir o fundo global de combate às mudanças climáticas, que será destinado a auxiliar as nações mais pobres sujeitas a seca e outras condições extremas provocadas pelo aumento da temperatura.
Antes da reunião de Copenhagen, União Europeia, Japão e Estados Unidos prometeram contribuir com 100 bilhões de dólares por ano para ajudar estes países.
Além disso, o Banco Mundial (Bird) anunciou uma iniciativa para ajudar países emergentes e em desenvolvimento a estabelecer um mercado de carbono, que também pode ajudá-los a arrecadar fundos para combater os efeitos das mudanças climáticas.
De acordo com Robert Zoellick, presidente do Bird, um número cada vez maior de países tem interesse na consolidação deste mercado, e citou como exemplo China, Chile, Indonésia e México, que "exploram ativamente" este projeto, que até hoje foi implantado apenas na União Europeia.

Fonte: AFP

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