5 de dezembro de 2010

Ministros entram em cena para discutir futuro de Kyoto

CANCÚN, México — A conferência da ONU sobre o clima de Cancún, no México, entra na reta final com a chegada de ministros dos 190 países participantes, cuja principal missão será desarmar a bomba relógio que ameaça as negociações: o futuro do Protocolo de Kyoto.
Um ano depois da decepção da COP15, um fracasso pode tirar a credibilidade deste lento processo da ONU. As partes encontram dificuldades para chegar a um consenso sobre como deve ser conduzida a luta contra as mudanças climáticas e seu nível de ambição.
Por ocasião desta reunião, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) destacou a urgência do desafio, anunciando que 2010 será certamente um dos três anos mais quentes já registrados.
Durante uma semana, as equipes de negociadores tentaram progredir em diversos assuntos que supostamente compõem "um pacote equilibrado" de decisões: luta contra o desmatamento, criação do Fundo do Clima e ainda controle das ações prometidas para reduzir as emissões de gás de efeito estufa (GES).
Os temas são apresentados há meses e possuem grandes chances de acordo.
Um texto de ambições modestas, mas cujo objetivo principal é oferecer um segundo fôlego às negociações e servir de "fundação" para um acordo futuro mais forte.
Cabe aos ministros, que entrarão realmente em cena na terça-feira, arbitrar e assinar o documento até o fim da conferência, no dia 10 de dezembro.
No entanto, segundo a ministra mexicana das Relações Exteriores Patricia Espinosa, apesar de ter havido "progresso" em algumas questões, houve "marcha ré" em outras.
"Quando chegamos ao fim da primeira semana, começaram a tomar posições um pouco mais fortes, um pouco mais radicais, sem eficácia", constatou por sua vez o embaixador do clima da França, Brice Lalonde.
"Não é preciso tornar as coisas azedas, mas, sim, que a vontade de compromisso permaneça", acrescentou.
Principalmente sobre a questão do futuro do Protocolo de Kyoto; assunto que praticamente ofuscou os outros.
Foi o Japão que inflamou as discussões ao reafirmar formalmente, desde a abertura da conferência no dia 29 de novembro, que o país não assinaria um segundo período de comprometimento com o tratado, após o primeiro que expira no fim de 2012.
Um texto "injusto", reiterou no sábado a delegação japonesa, já que fixa objetivos de redução de emissões de gases de efeito estufa aos países industrializados, mas não impõe nada aos dois maiores poluidores do mundo: China e Estados Unidos, que não ratificaram o texto.
"Sem eficácia", ainda de acordo com os japoneses, já que o Protocolo não cobre mais do que 27% das emissões.
O Canadá e a Rússia estão também hesitantes, ou até hostis, quanto a um novo período de comprometimento.
Apesar disto, os países do sul estão muito ligados ao projeto e exigem um segundo período.
Ante esta situação, a dirigente do clima da ONU, Christiana Figueres, insistiu as partes ao "compromisso" e adiou a questão para o próximo grande encontro sobre o clima, no fim de 2011, em Durban (África do Sul).
A segunda semana de negociações deve então ser consagrada à busca da "fórmula um pouco ambígua" que satisfará todo mundo, segundo as palavras de um negociador europeu.

Fonte: AFP

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