3 de junho de 2009

Operação contra o desmatamento vem com 100 anos de atraso

Operação contra o desmatamento vem com 100 anos de atraso




Diz a velha máxima “antes tarde do que nunca”. Ela vale perfeitamente para a Operação Angusti-Folia, desencadeada no fim de maio por uma força tarefa que reuniu o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Polícia Federal, Força Verde e Ministério Público do Trabalho, entre outros, e que ontem culminou com a prisão temporária de seis pessoas, acusadas de desmatar ilegalmente áreas de florestas nativas de araucária na região Centro-Sul do Paraná. Dezesseis madeireiras foram interditadas por ordem judicial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Esta é considerada a maior operação contra a derrubada desenfreada de araucárias jamais feita no Estado. Entre os presos ontem, o prefeito de General Carneiro, Ivanor Dacheri, o presidente da Câmara do mesmo município, José Cláudio Maciel e o vice-prefeito de Coronel Domingos, Volnei Barbieri. Um quarto político também tinha mandado de temporária, o prefeito de Bituruna, Remi Ranssolin, mas ele não foi encontrado. As outras prisões aconteceram em São Paulo, envolvendo pai e dois filhos que têm negócios na região do Paraná.Conforme consenso, o desmatamento de araucária começou no começo do século passado. Hoje, sabe-se que restam menos de 0,8% de remanescentes originais do que foi a floresta de araucária no Paraná. Ou seja, são aí 100 anos de atraso para conter o desmatamento. Hoje a araucária é uma espécie em risco no Paraná. A Operação Angusti-Folia nasceu há cerca de dois meses e meio, quando o Ibama procurou a Polícia Federal para atuar juntos contra o desmatamteno na região Centro-Sul, onde, segundo apontamentos do instituto, ocorreria o maior destamento ilegal no Paraná.A partir disso, foi montado a força conjunta entre Estado e União. “Era uma tragédia ambiental em curso na região”, contou o delegado federal responsável pela operação, Rubens Lopes da Silva, chefe da Delegacia de Crimes Ambientais da PF.Os empresários são acusadas ou suspeitas de crime ambiental, em pelo menos 15 delitos previstos na Lei Ambiental, Código Penal e na Lei de Crimes Financeiros. Além das prisões, a Justiça decretou a interdição, por 15 dias, das instalações madeireiras de 16 empresas, situadas nos municípios de General Carneiro, Bituruna, Coronel Domingos Soares, União da Vitória, Cruz Machado e Palmas, no Paraná, e em São Paulo.Impunidade — Ontem, em entrevista coletiva para falar sobre a operação, os representantes da força conjunta reconheceram que o estágio atual das florestas de araucária no Paraná só chegou neste ponto por causa da impunidade. “Existia um sentimento de impunidade e hipocrisia. A Operação acontecia desde o fim do mês passado com fiscalização, mas mesmo sabendo que haviam 200 homens trabalhando no Estado, eles continuaram”, contou o superintendente do Ibama no Paraná, José Álvaro Carneiro.“Espero que essas prisões, que nunca aconteceram antes, tenham o poder de mudar alguma coisa”, disse o superintendente. Considerada a maior operação de fiscalização já realizada no Brasil, a Angusti-Folia tem como objetivo a repressão de crimes ambientais que ocorrem de maneira sistemática naquela região do Estado, que possui 32 madeireiras e mais de mil fornos de carvão. De acordo com superintendente do Ibama, a derrubada de florestas nativas de araucária, espécie símbolo do estado, é assustadora. “Ali estão os últimos remanescentes da floresta araucária do Paraná. Se não a fiscalizarmos, teremos que mudar o símbolo da nossa bandeira”.“Essa, porém, não será a única operação. Vamos mantê-la permanentemente”, explicou o superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo. “É uma operação que veio para ficar”, concordou o secretário de Estado de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari. Não se pode dizer que veio tarde demais. Mas é importante que tenha vindo.


Bem Paraná



Ass: Desmatamento Brasil (desmatamentobr.blogspot.com)

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