23 de fevereiro de 2011

Caatinga ganha mais 300 mil hectares protegidos por unidade de conservação

Frente ao avançado processo de desmatamento na caatinga – chega a 45%, segundo monitoramento por satélite divulgado em 2010 – o Ministério do Meio Ambiente (MMA) busca concretizar a agenda de criação de unidades de conservação na região e desenvolver alternativas para o uso sustentável de sua biodiversidade. Um dos resultados concretos desse esforço é a ampliação, em 300 mil hectares, do Parque Nacional das Confusões, no Piauí, que passa a ter 823.435,7 mil hectares, conforme decreto presidencial assinado em 30 de dezembro.

Esse trabalho é desenvolvido por meio de parceria entre a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do MMA, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) e a ONG The Nature Conservancy (TNC). Ele é realizado a partir da definição, em 2008, de uma agenda de criação de 20 unidades de conservação na caatinga, um dos biomas menos protegidos do País.

Em 2009, foi criado o Monumento Natural do Rio São Francisco, com 27 mil hectares, englobando os estados de Alagoas, Bahia e Sergipe. No momento, está em avançado processo de criação o mosaico de unidades de conservação do Boqueirão da Onça, na Bahia. Considerando também a ampliação do Parque Nacional das Confusões, essas três medidas vão aumentar, de 7,76% para 9%, a área da caatinga protegida por unidades de conservação – federais, estaduais e terras indígenas.

Benefícios- As unidades de conservação são um investimento muito barato em relação aos benefícios socioambientais e econômicos que elas trazem ao País. O estudo “Alternativas para a manutenção das unidades de conservação da caatinga”, contratado pelo Núcleo do Bioma Caatinga, da Secretaria de Biodiversidade do MMA, calcula que para a implementação e manutenção inicial de todas as unidades de conservação do bioma – as federais, estaduais e municipais – seriam necessários menos de R$ 300 milhões de reais. Um custo menor, segundo ainda o estudo, do que uma obra média de infraestrutura.

O incremento das unidades de conservação na caatinga está diretamente vinculado à manutenção e aumento da capacidade produtiva da região. Ao mesmo tempo em que protegem recursos e serviços fundamentais para a economia e a qualidade de vida da população (água, solo, polinizadores, plantas com potencial de uso nas indústrias farmacêutica, alimentícia e química, dentre outras), as unidades de conservação podem promover diretamente as economias local e regional, por meio do ecoturismo e pesquisa e difusão de boas práticas de uso de espécies nativas com potencial socioeconômico (principalmente nas unidades de uso sustentável), dentre outras atividades econômicas.

A criação de unidades é também um excelente meio de frear o processo de desertificação acelerado da região. O custo de recuperação de áreas submetidas a este processo é bem maior do que o custo da manutenção de unidades de conservação. Além disso, o avanço da desertificação certamente irá comprometer a economia regional, pela degradação dos recursos hídricos e do solo. Se nenhuma providência for tomada, as áreas em desertificação tendem a ficar mais críticas e se expandir, devido à ação antrópica e de intempéries como chuva e vento.

Gestão- Ao mesmo tempo em que amplia a área ocupada por unidades de conservação na caatinga, o MMA tem se esforçado, em parceria com o ICMBIO, em melhorar as condições de gestão destas unidades, para que elas cumpram efetivamente o seu papel.

Isso se reflete em ações de melhorias na infraestrutura, capacitação, integração com a comunidade e melhoria na captação e aplicação de recursos de diversas fontes, incluindo a compensação ambiental. Um exemplo é o Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco. Com 60 mil hectares, é uma das unidades de conservação coordenadas pelo ICMBIO. Entre os ganhos, o fortalecimento do turismo sustentável – os guias turísticos são capacitados e trabalham na unidade – e a integração com a comunidade.

Há importantes investimentos também nas reservas particulares do patrimônio natural (RPPN), como, por exemplo, a unidade de Serra das Almas, com 6,2 mil hectares e situada no Ceará. Com 11 anos de existência, ela é coordenada pela Associação Caatinga e, por meio de planos de manejo, abriga ações de geração de renda com uma produção totalmente sustentável, com o envolvimento direto da comunidade.



Fonte: http://www.jornalnovafronteira.com.br

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