Um dos cinco países que mais contribuem para o aquecimento global, o Brasil terá de frear o desmatamento da floresta amazônica e do cerrado para atingir a meta voluntária de redução de carbono anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva há 10 dias - de 36,1% a 38,9% até 2020. Voluntária porque o país não integra o Anexo 1 do Protocolo de Kyoto, composto por 37 nações industrializadas que, pelo documento assinado no Japão em 1997, deveriam cortar suas emissões em 5,2%. Ou seja, o Brasil não tem a obrigação legal de estabelecer uma meta numérica de redução.
A partir de um estudo matemático, José Israel demonstra que o desmatamento da floresta tem correlação direta com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Portanto, para que cesse a derrubada indiscriminada de árvores, deve existir um esforço para mudar as bases do crescimento econômico puxado pelas indústrias, principalmente do Sudeste. Os dados, que foram apresentados no Senado Federal pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, são preocupantes. No Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, com os dados que serão apresentados pelo governo brasileiro na COP-15, o desmatamento corresponde a 58% da emissão dos gases poluentes.
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Durante a apresentação do inventário no Senado, o ministro Sérgio Rezende informou que, durante o primeiro semestre de 2010, todos os dados serão submetidos a uma consulta ampla de especialistas que não participaram diretamente da elaboração do documento. "A recepção das informações foi concluída este mês para a apresentação, em janeiro de 2010, do relatório de referência, para ser discutida em consulta pública e seminários´´, disse Sérgio Rezende.
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O último inventário feito no país era referente aos dados do período de
Fenômeno natural
O gás carbônico ou dióxido de carbono (CO2) costuma ser visto como o principal vilão do aquecimento global. No entanto, com ele, o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), os hidrofluorcarbonos (HFC), os perfluorcarbonos (PFC) e o hexafluoreto de enxofre (SF6) compõem o conjunto de substâncias que causam o aquecimento do planeta. Fenômeno natural responsável pelo aquecimento da Terra (sem ele não haveria temperatura razoável para a vida no planeta), o efeito estufa se torna maléfico quando esses gases se acumulam em excesso na atmosfera, aumentando de forma exagerada a temperatura do globo.
Se a Terra não fosse coberta por essa espécie de manto, o clima seria demasiadamente frio. Os gases de efeito estufa são essenciais para tal cobertura, mas quando ultrapassam determinada quantidade - 390ppm (partes por milhão) - começam os problemas. Os cientistas alertam que o derretimento das geleiras em diferentes partes do planeta, como no Monte Kilimanjaro, na África, e no Himalaia, na Ásia; o degelo nos pólos Norte e Sul; ou as catástrofes naturais que assolam os continentes, como as tsunamis na Ásia, estão relacionados ao aumento da temperatura no planeta.
O alerta em relação à mudança do clima é a bandeira apresentada pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, formado em 1998. Os cientistas do IPCC defendem que o aquecimento global é resultado das atividades humanas (antrópicas) e não de ciclos naturais.
O cálculo da meta
O Brasil apresentará, durante a COP-15, proposta voluntária de reduzir, até 2020, entre 36,1% e 38,9% a emissão de gases do efeito estufa. A proposta brasileira prevê a redução na seguinte proporção:
20,9% - redução de 80% no desmatamento da Amazônia
3,9% - redução de 40% no desmatamento do cerrado
De 4,9% a 6,1% - ações para a agropecuária: recuperação de pastos, integração lavoura-pecuária, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio
De 6,1% a 7,7% - referentes ao setor de energia: eficiência energética, uso de biocombustíveis, expansão da oferta de energia por hidrelétricas e fontes alternativas (bioeletricidade e energia eólica)
De 0,3% a 0,4% - ações na área de siderurgia, com a substituição do carvão proveniente do desmatamento por carvão oriundo de florestas plantadas
Fonte: Kaxiana
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