11 de fevereiro de 2009

Especialistas de mais de 30 países discutem detecção de desmatamento

Especialistas de mais de 30 países discutem detecção de desmatamento





Especialistas de mais de 30 países estão reunidos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) até sexta-feira (6), em São José dos Campos (SP), para trocar informacões sobre maneiras de fazer monitoramento por satélite da floresta e, com isso, evitar emissões de gases de efeito estufa por meio da manutenção da vegetação.
Esse tipo de estratégia de combate ao aquecimento global é chamada de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), uma das questões mais importantes em negociação pela Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O evento sediado no Inpe tem cerca de 110 representantes de países como Bolívia, Camboja, Camarões, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Índia, Indonésia, México, Panamá, Paraguai, Suriname, Tailândia, Uganda e Vietnã. Como explica o diretor do Inpe, Gilberto Câmara, no estágio atual das discussões, a troca de informações e tecnologias que permitam aos países detentores de áreas de floresta tropicalmonitorá-las é fundamental. "Primeiro os países precisam criar seus Prodes e Deter (programas brasileiros de detecção de desmatamento), para então começar a negociação", argumenta.
A negociação a que se refere Câmara inclui a possibilidade de que os países recebam dinheiro externo por manterem intactas suas florestas, evitando que sejam desmatadas e emitam gases de efeito estufa.
No momento, o Brasil é o único país que possui um sistema avançado de controle, que permitiria calcular as emissões e dar base ao pagamento de contrapartida por isso. Outros países tropicais, embora tenham interesse em fazê-lo, não têm ainda condições técnicas para isso.
Um exemplo de intercâmbio e disseminação de informação em prol do controle do desmatamento é a política de distribuição gratuita de imagens de satélite defendida pelo Inpe e, desde dezembro, praticada também pelos EUA com o sistema Landsat. O Inpe distribui sem custo as imagens dos satélites sino-brasileiros CBERS, bem como do sistema americano Landsat, captadas por antenas nacionais no Brasil, para a América do Sul. Em relação ao monitoramento de florestas tropicais como a Amazônia, a questão do acesso gratuito às imagens de satélite é importante por razões financeiras, já que os países que têm esse tipo de vegetação, como as nações da África Central e do Sudeste Asiático, sofrem com a escassez de recursos. Câmara conta que, após a iniciativa de abrir as imagens que possibilitam monitorar o desmatamento, o Inpe iniciou um trabalho de convencimento para que os EUA fizessem o mesmo."Desde 2006 ele começou a tentar nos convencer", conta ao Globo Amazônia Thomas Loveland, cientista-sênior do United States Geological Survey (USGS), agência americana encarregada de estudar a paisagem natural dos EUA, seus recursos e os riscos que contra ela se apresentam. "Quando Câmara foi aos EUA e mostrou como a distribuição de imagens aumentou depois que passaram a ser disponibilizadas gratuitamente, minha chefia ficou profundamente impressionada", relembra. Em dezembro de 2008, os EUA passaram a distribuir imagens Landsat gratuitamente. "Antes, quando era pago, o pico de pedidos de imagens que tínhamos tido era de 53 imagens em um dia. Atualmente, distribuímos cerca de 2.500 diariamente". Segundo Loveland, o mais importante é que " o dinheiro que antes seria gasto com imagens, agora poderá ser usado em outros campos para avançar a discussão de REDD". "Nos anos 90, pagávamos US$ 5.000 por imagem do Landsat. Tivemos de pagar mais de US$ 1 milhão para fazer mapas das florestas tropicais do mundo", relembra Hugh Eva, do Joint Research Centre, departamento de pesquisa da União Européia. Os mesmos dados atualmente podem ser baixados a qualquer momento na internet. Câmara advoga pela distribuição gratuita das imagens, não só pelo aspecto econômico, mas também por uma questão de transparência. "A garantia de acesso livre aos dados é o mais importante", afirma.Neste sentido, sua posição está em consonância com uma das questões que parecem ser ponto pacífico entre os propositores do REDD – a verificabilidade. Para que alguém seja compensado de alguma forma por evitar desmatamento, é necessário que o monitoramento deste processo seja aberto e passível de conferência.






Ass: Desmatamento Brasil (desmatamentobr.blogspot.com)

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