13 de outubro de 2008

Índios podem ser coniventes com desmatamento

Índios podem ser coniventes com desmatamento




Amazônia em perigo! Nossos repórteres sobrevoam uma reserva indígena no Maranhão onde árvores estão sendo derrubadas. E levadas para madeireiras da região. Um escândalo que a polícia chama de faroeste maranhense. Fornos para produção de carvão. Cerca de 50 madeireiras em pleno funcionamento. Estamos na principal rua de Buriticupu, município de 60 mil habitantes no noroeste maranhense. Na cidade, até a polícia tem medo de dizer a origem das árvores recém cortadas. Só aceitam falar desde que não mostrem o rosto. “O clima em Buriticupu sempre foi hostil. Lá é conhecido como o faroeste maranhense. A cidade foi crescendo, desmatando e pra eles, é comum eles extraírem a madeira deles em qualquer lugar que eles possam”. O próprio Ibama reconhece que entre os locais onde ocorre a extração irregular estão terras indígenas, que ficam na reserva Guajajara, Awa-Guajá, Alto Turiaçu e Gurupi. São quase 16 mil quilômetros quadrados, onde vivem mais de 10 mil índios. Área na região nordeste que faz parte da Amazônia legal. Por causa do risco de um confronto, autoridades locais desaconselharam a nossa ida até esses lugares. Seguindo as coordenadas passadas pelo Ibama, sobrevoamos parte de uma dessas reservas: a Guajajara. Em alguns trechos da Floresta Amazônica dá pra ver os sinais de desmatamento. “As reservas indígenas é o alvo dos madeireiros, para extração de madeira, com total apoio dos índios”, afirma Alfredo dos Santos Filho, chefe regional do Ibama. “Eu não posso te afirmar se existe a veracidade da participação desses caciques, mas é possível que sim”, diz Sérgio Murilo Rego, chefe regional da Funai. De acordo com o Ibama, pelo menos 60% da floresta que havia nas terras indígenas maranhenses viraram carvão ou acabaram nas madeireiras. Além das de Buriticupu, há várias também no município de Zé Doca. O barulho da serraria já deveria ter passado. O local foi lacrado pelo Ibama semana passada, durante uma operação. O motivo: a madeira usada pela serraria não teria documento de origem florestal. É a mesma situação das outras 354 toras. O Ibama não tinha para onde levá-las e deixou na serraria. O dono não quis gravar entrevista, mas alega que a documentação está em ordem e por isso a madeireira voltou a funcionar. A denuncia do desmatamento na região partiu de um internauta, que mandou um email para o Portal Globo Amazônia. Nós o encontramos. Ele tem medo de ser alvo dos criminosos da floresta. “Lá é terra sem lei. Se falar, eles matam mesmo”. Ele diz que há dois anos denunciou o problema ao Ibama. “Nunca foi feito nada. Aí, eu voltei na região e vi que tava pior o desmatamento na aldeia indígena”. A insegurança é tão grande que até a polícia desistiu de lutar contra os madeireiros. Se os policiais não fugissem, talvez tivessem tido o mesmo destino deste posto de fiscalização: o prédio destruído pelos trabalhadores da serrarias, revoltados com as operações que eram feitas. Ano passado, depois de uma outra fiscalização, também contra os madeireiros em Buriticupu, os policiais tiveram que fugir às pressas. “O clamor da população era que a fiscalização fosse embora, pra que eles voltassem à rotina deles, que é desmatar. A polícia, em si, tem muita dificuldade para fazer o trabalho lá naquela região por falta de efetivo”. “Hoje nós estamos contando com uma viatura, com quatro pessoas. O ideal seria três viaturas com 12 agentes”, conta Alfredo dos Santos Filho, chefe regional do Ibama. Desde que foi lançado, há um mês, o portal da registrou mais de 28 milhões de protestos virtuais contra desmatamentos e queimadas. Na região de Buriticupu, no Maranhão, o clima de medo revela a que ponto chegou toda essa destruição da Amazônia. “Já tivemos vários casos aqui na polícia federal do Maranhão em que a pessoa foi presa no intervalo de 15 ou 30 dias, ela foi presa 5 ou 6 vezes cometendo o mesmo crime”, afirma Urquiza Júnior, delegado da Polícia Federal. “A gente não sabe o que que nos aguarda. A gente que ter muito cuidado e muita ajuda de Deus”, diz Alfredo dos Santos Filho, chefe regional do Ibama.

Reportagem da Globo.com





Ass: Desmatamento Brasil (desmatamentobr.blogspot.com)

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