3 de setembro de 2009

Aliança pelo Clima quer desmatamento zero

Lançada em São Paulo a Aliança Brasileira pelo Clima, organização que reúne catorze das principais instituições representativas do agronegócio, florestas plantadas e bioenergia. A Aliança divulgou documento, já entregue ao governo brasileiro, com posições para a reunião do clima, em Copenhague, em que pede, entre outros pontos, o compromisso do Brasil com desmatamento zero, mudanças no Mecanismo de Desenvolvimento de Limpo (MDL) que permitam beneficiar os setores que trabalham a terra, pagamento por serviços ambientais e recursos financeiros das nações ricas, para que o Brasil melhore ainda mais seus processos de produção, com a redução das emissões de gases de efeito estufa.
"Nossa posição é empresarial. Queremos ver o Brasil melhor posicionado na conferência do clima e nos negócios realizados pelo mundo. O País precisa usar o grande patrimônio fornecido pelos setores agrícola, de florestas plantadas e de bioenergia e fazer valer as vantagens oferecidas por esses segmentos ao mundo", afirmou a presidente-executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes. "É preciso mostrar que o Brasil tem as florestas plantadas mais produtivas e sustentáveis do mundo, que absorvem cerca de 63 milhões de tonelada de carbono por ano."
Os setores que integram a Aliança Brasileira pelo Clima respondem por 28% de toda a matriz energética brasileira (45% dela proveniente de fontes renováveis) e contribuem com 16% das exportações totais do Brasil, algo em torno de US$ 30 bilhões ao ano.
O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Marcos Jank, ressaltou o fato de que o Brasil é um País com uma economia de baixo carbono. "É essencial que o Brasil leve adiante propostas que ampliem as possibilidades de captação de créditos de carbono, algo a que o País injustamente tem tido pouco acesso. É como se fossemos penalizados por ter sido pioneiros em várias iniciativas que claramente ajudam na redução de emissões de carbono, mas não são reconhecidas pelos mecanismos existentes, como a própria produção e uso em larga escala de etanol", disse. "Somos a favor da criação de um mercado de carbono."
Segundo Jank, as organizações reunidas em torno da Aliança entendem que o Brasil deve apresentar em Copenhague um plano de desmatamento zero que possa ser registrado, verificado e auditado. No caso do etanol, o presidente da Unica diz não ter dúvida de que a redução das emissões passa pela adoção do etanol como combustível. "Há um debate no exterior para saber sobre o que é um combustível de baixo carbono que o Brasil tem há mais de 35 anos", afirmou. "Não adianta outras nações estarem discutindo processos e possibilidades que, se verdadeiras, só poderão ser usadas daqui a anos. Nós temos o álcool e ele ainda pode ajudar a desenvolver a economia de mais de cem países, então os desenvolvidos deveriam usá-lo já."
O presidente da Associação Brasileira de Agrobusiness (Abag), Carlo Lovatelli, citou a moratória da soja como uma ação que poderia ser contemplada com recursos externos. "Os produtores rurais devem ser remunerados pela Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (Redd). O Brasil está fazendo a sua parte, mas ainda não tem retorno."
Entre as recomendações feitas pela Aliança ao governo brasileiro nas negociações de Copenhague está a de obter o compromisso dos países desenvolvidos de redução de 40% nas emissões de gases de efeito estufa tendo como base o ano de 1990, priorização para adoção de tecnologias de mitigação das mudanças climáticas e mudanças no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Os representantes dos setores econômicos da nova organização vão se reunir agora com o negociador-chefe do Brasil em Copenhague, embaixador Luiz Figueiredo, para discutir o documento. Os líderes acreditam que o documento poderá ser incorporado na totalidade no documento final do governo que será levada à Dinamarca para negociação.
DiárioNet

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