10 de abril de 2009

Brigas e ameaças entre madeireiros legais e ilegais

Brigas e ameaças entre madeireiros legais e ilegais




O Jornal Nacional exibe, nesta semana, uma série de reportagens, realizada pelos repórteres Júlio Mosquéra e Laércio Domingues, sobre a Amazônia cortada pela BR-163.
Em uma marcha vagarosa, o gado caminha pela rodovia. Os vaqueiros conduzem a boiada, como se estivessem no meio do mato. E, 300 quilômetros mais à frente, a equipe de reportagem do Jornal Nacional é obrigada a parar o carro.
É uma cena comum quando se entra no Pará: a BR-163 tomada por centenas de cabeças de gado que estão sendo levadas para o período da engorda. Ao fundo, um caminhão tenta passar. Nesse ritmo lento, mas constante, o gado vai invadindo áreas que por lei deveriam ser preservadas. Só na Floresta Nacional do Jamamxim, no oeste do Pará, criada há três anos, ainda há mais de 200 mil cabeças. Animais que pertencem a produtores rurais, que permanecem ali à espera de uma solução. “Nós entramos na Amazônia na década de 80 e 90. Se eles nos legalizam, nós assumimos o compromisso em contrapartida de não derrubar mais a floresta”, afirmou Luiz Helfgtaing, diretor da Associação de Produtores de Embaúba e Gorotire. A pecuária é a última etapa de um processo de desmatamento que começa com a derrubada das árvores para vender a madeira. E segue com a queimada para limpar a área. São atividades que já consumiram um quarto da floresta que fica na área de influência da BR-163. E a destruição não pára. Estudo do Ministério do Meio Ambiente mostra que, entre novembro de 2008 e janeiro de 2009, a região foi uma das mais devastadas da Amazônia. Walter Neves Moura, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guarantã e da ONG Ecocachimbo, em Mato Grosso, é testemunha da ação ilegal dos madeireiros. “Em qualquer época, o caminhão entra e sai tranquilamente. Raramente se prende um caminhão aqui extraindo madeira”, afirma Moura. E, na região, quem denuncia, diz que paga um preço. “Nós já sofremos várias ameaças de morte por inúmeras vezes, e ninguém nunca tomou providências em relação a isso também”, critica Moura. De passagem por Novo Progresso, no Pará, a equipe de reportagem do Jornal Nacional viu de perto as dificuldades de quem tem a tarefa de combater a ilegalidade. Funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estavam ilhados na sede do instituto. No dia anterior, eles haviam sido ameaçados porque apreenderam caminhões com madeira ilegal. Para evitar confrontos, os fiscais foram orientados pela direção do Ibama a não deixar o prédio. Mas a repressão está mudando comportamentos: quem trabalha na legalidade começa a se virar contra os madeireiros clandestinos. “Nós estamos fazendo um grande cadastro, em toda a região, onde a gente vai estar, de fato, diagnosticando quem é e quem não é (legalizado)”, afirma Osvaldo Romagnholi. A disposição de ajudar a separar o joio do trigo vem da necessidade de sobrevivência. No oeste do Pará, centenas de madeireiras estão fechadas. Em uma delas, em Castelo dos Sonhos, o único sinal de vida está na teia de aranha. Edvana Morana, diretora da Associação da Indústria Madeireira de Castelo dos Sonhos, espera autorização para extrair madeira de forma sustentada. Ela Quer legalizar o serviço. “A gente quer que as coisas cheguem aqui. Que venham, nos ensinem, nos mostrem, nos legalizem para depois nos cobrar”, ressalta Edvana. O garimpo é outro vilão, sempre à espera de uma oportunidade para se expandir. A equipe de reportagem do JN flagrou um garimpo ilegal em Terranova, no Mato Grosso. O dono já atua em dois terrenos, arrendados de pequenos produtores. Ele retira 1,2 quilo de ouro por mês e faz propostas para expandir o garimpo. O produtor rural José Alvino Cavalcanti, o “Bigode”, diz que foi procurado pelo dono do garimpo ilegal. “Na minha área, enquanto eu mandar, ninguém vai mexer. Eu já trabalhei em garimpo há uns 20 anos e nunca levei nada de garimpo. Então, para que vou mexer com a minha terra para garimpo?”, questionou Cavalcanti. “Bigode” não quer ser cúmplice na destruição do meio ambiente. O garimpo já poluiu a água de um dos córregos que passam no assentamento. A agricultura completa o ciclo de interesse nas terras da floresta. No Pará, ao longo da BR-163, ela pouco se desenvolveu. Mas em Mato Grosso encontrou terreno fértil na chamada “mata de transição” do cerrado para a Amazônia. Na vegetação típica, encontrada em quase toda a região na década de 70, as árvores têm um porte maior do que as encontradas no cerrado, mas a mata não é tão densa como a Floresta Amazônica. Em um sobrevoo pela região, é possível ver que a vegetação original. Hoje, se reduz a quase nada. Onde não há soja, estão o milho, o arroz e o algodão.
Na reportagem desta quinta-feira, conheça a busca de um equilíbrio entre as atividades econômicas e a proteção ao meio ambiente.










Ass: Desmatamento Brasil (desmatamentobr.blogspot.com)

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