29 de novembro de 2008

Cientistas brasileiros firmam centros de pesquisa na Amazônia

1. Cientistas brasileiros firmam centros de pesquisa na Amazônia





A imensidão dos recursos naturais na Amazônia revela a insignificância, a fragilidade e também o poder do homem. O destino do planeta passa pelos caminhos da floresta amazônica. Há 26 anos, o meteorologista Antonio Carlos Lola desbrava a maior das florestas tropicais com uma convicção: “Proteger a floresta não é deixá-la num santuário. Ao contrário, você tem de explorar racionalmente. Não podemos deixar a floresta intacta e o povo passando fome”, ele diz. Lá vivem 25 milhões de pessoas, numa área que corresponde a 60% do território nacional e concentra 15% da biodiversidade do planeta. É uma região de interesses conflitantes e ainda pouco conhecida. “A Amazônia sofre processo aceleradíssimo de transformação, e isso é muito preocupante. A Amazônia é complexa, e as relações entre homem e natureza também são complexas”, acredita Ima Vieira, diretora do museu Emílio Goeldi. Entender cada peça desse mosaico exige esforço e disposição para longas distâncias. O mesmo barco que transporta mantimentos e eletrodomésticos para os ribeirinhos leva um grupo de pesquisadores com destino à floresta nacional de Caxiuanã, uma reserva federal 400 quilômetros a oeste de Belém. A viagem tem escala na Ilha de Marajó. Passando dia e noite sobre o rio, o estreante em expedições científicas Samir Wariss é pura expectativa. “A Amazônia representa pra mim a minha vida, o meu mercado de trabalho. Eu pretendo colocar em prática lá o que aprendi dentro da sala de aula”, diz o rapaz, que é formado em Ciências Ambientais. Trinta horas depois, os pesquisadores chegam. A estação científica Ferreira Penna, ligada ao museu Emílio Goeldi de Belém, é uma das mais estruturadas bases de pesquisa da Amazônia. No meio da selva há uma infra-estrutura de laboratórios, alojamentos e cozinha. A energia vem do sol e de geradores. Na estação científica, a TV com parabólica, telefone e internet amenizam o isolamento. “Vivendo aqui, a pessoa pensa que está na cidade. Quando desliga o gerador à noite, que fica tudo escuro e silencioso, a gente cai na realidade de que está no meio de uma floresta”, conta o administrador da estação, Edson Brito. Uma das características de Caxiuanã é a cor da água do rio, bem escura. Num igarapé, ela reflete a paisagem, como se fosse um espelho. A mata preservada é o que mais atrai os cientistas. A interação entre a floresta e a atmosfera é monitorada numa torre de 52 metros de altura. O que acontece na Amazônia interfere no clima do planeta. Os equipamentos medem variações de temperatura, umidade e de gás carbônico, um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global. “Essa região retira muito mais CO2 da atmosfera do que emite. Essa floresta contribui muito para a redução do efeito estufa”, explica o meteorologista Rommel Benício da Silva. Trabalhar na selva é sempre difícil, e quem pesquisa na base avançada sofre mais. Para chegar lá, é preciso pelo menos uma hora de lancha, 45 minutos de voadeira pelo igarapé e mais uma hora remando. O acampamento dos pesquisadores na estação avançada é montado numa clareira de 300 metros quadrados. A infraestrutura lá é precária; não há energia elétrica, a água que se bebe é a do rio, depois de passar por um filtro, e o quarto é um galpão improvisado com paredes de tela onde dormem até 17 pessoas. Como não há geladeira, a comida é à base de enlatados. Quase todos que trabalham lá são jovens. Entre eles, conforto é uma palavra que não se pronuncia: lavar louça e tomar banho, só no rio. “A gente tem que ter cuidado, porque aqui é casa de nossos amigos poraquês, as enguias elétricas”, explica a engenheira florestal Ingrid Silva. Dependendo da pesquisa, é preciso ir até a estação avançada sete vezes por ano. Cada temporada de trabalho na selva dura 20 dias. “Dá saudade, principalmente porque aqui você esta mais concentrado em si e no seu trabalho, aí você pensa nas pessoas que estão longe”, admite o biólogo Marco Antônio Ribeiro. Os biólogos já mediram 15 mil árvores numa área de sete hectares e meio e identificaram quatro tipos de macacos, dezenas de pássaros e oito novas espécies de sapos. O foco dos cientistas é levantar a diversidade de plantas e animais, comparar os dados com outras regiões da Amazônia e descobrir mudanças ao longo do tempo. O material coletado segue para o museu Emílio Goeldi, em Belém, uma referência mundial em Amazônia. As amostras mais antigas são do século 19. Uma folha com mais de um metro de comprimento faz parte do acervo. A coleção ainda tem 65 mil exemplares de répteis e anfíbios e dois milhões de insetos, alguns gigantescos. Em 142 anos de história, os pesquisadores do museu publicaram cerca de 600 livros. “É muito pouco ainda. Há muito o que estudar”, avalia Ima Vieira, a diretora do museu. Se não decifrar a floresta, o Brasil corre o risco de ficar sem ela. “A partir do momento em que você conhece a região, a área, o processo, o animal ou a planta, você tem argumentos em cima da proteção deles. Não tem como você proteger algo que você não sabe o que é”, afirma o Marco Antônio Ribeiro, biólogo e gerente do campo de estudos avançados.



2. Vídeo Aquecimento Global - Desmatamento Brasil












Ass: Desmatamento Brasil (desmatamentobr.blogspot.com)

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