7 de setembro de 2008

Conheça os satélites que geram os dados do Amazônia.vc

Conheça os satélites que geram os dados do Amazônia.vc



O aplicativo Amazônia.vc, que a Globo lança neste domingo (7) junto com o portal Globo Amazônia, permite visualizar em uma só tela os dados de dois sistemas usados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para monitorar a devastação da floresta - o Monitoramento de Focos de Queimadas e o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). O Deter foi desenvolvido como um sistema de alerta para apoiar a fiscalização e o controle de desmatamento e usa principalmente imagens do sensor Modis instalado no satélite Terra, da agência espacial norte-americana (Nasa). Este satélite tem um par chamado Aqua, também equipado com o Modis. Ambos orbitam a 705 quilômetros de altura, mas o primeiro sobrevoa a Amazônia pela manhã e o segundo, à tarde.
Lançamento do satélite CBERS 2, em outubro de 2003, a bordo do foguete chinês Longa Marcha 4B. (Foto: Divulgação/Inpe)
O sistema se baseia também em um sensor chamado WFI, instalado no satélite sino-brasileiro CBERS 2. O Modis e o WFI têm resolução de cerca de 250 metros, ou seja, suas imagens, que cobrem uma área de 900 km por 900 km, têm pixeis (pontos) que equivalem à extensão de 250 m por 250 m. As imagens dos satélites são recebidas pelo Inpe e analisadas visualmente por uma equipe de seis técnicos que marcam as áreas de desmatamento. Eles assinalam tanto terras onde houve corte raso (derrubada de todas as árvores), quanto áreas em processo de desmatamento por degradação florestal (quando somente parte das árvores é cortada, deixando a floresta mais "rala").

Margem folgada

"O Deter trabalha com uma margem mais folgada [para classificar o que é desmatamento] para registrar mais áreas ameaçadas", explica o coordenador do projeto Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano. No caso de corte raso, os órgãos de fiscalização podem buscar os responsáveis quando se trata de ação ilegal e, no caso das áreas de degradação progressiva, além de encontrar os culpados, o Estado pode atuar para tentar reverter o processo. O Deter detecta apenas desmatamentos com área maior que 25 hectares (2,5 quilômetros quadrados) e, devido à cobertura de nuvens, nem todos os desmatamentos são rastreados pelo sistema. "Para focos de desmatamento com mais de 2 quilômetros quadrados, temos uma margem de acerto próxima de 100%", aponta Valeriano, ponderando, no entanto, que, devido à fiscalização das autoridades, o desmatamento de áreas grandes está diminuindo. Como cerca de 25% acontece em áreas menores que 25 hectares (ou seja, invísiveis para o Deter) e outra quantidade considerável ocorre em áreas de até 50 hectares (nas quais o Deter tem uma margem de erro mais alta), o coordenador calcula que o sistema consiga monitorar aproximadamente a metade do total do desmatamento na Amazônia.

Levantamento Anual

Além do Deter, o instituto faz um levantamento anual mais detalhado do desmatamento por meio do Projeto Prodes, que tem precisão de 95%. Graças ao Prodes, hoje é possível saber que a Amazônia Legal já perdeu 728.526 km² de sua cobertura original de floresta (cerca de 17% do total).
Pelo seu maior grau de precisão, o Prodes é a referência mais importante para o acompanhamento do desmatamento a médio e longo prazo. "O Prodes não pode falhar porque, se isto acontecer, a comunidade internacional vai achar que o Brasil está escondendo os dados", explica Valeriano. O sistema utiliza fotografias enviadas à Terra pelo Landsat 5, satélite americano lançado em 1984. Por já estar 20 anos além da vida útil originalmente prevista, as imagens que ele produz apresentam deformações que prejudicam o
georreferenciamento (determinação da localização exata da área fotografada). "Em abril, ele deu uma pifada", observa Valeriano. "Não podemos depender do Landsat. Com satélite, quem tem só um, não tem nenhum", acrescenta. Para garantir a confiabilidade do Prodes, o Inpe usa imagens complementares do CBERS 2 e compra também as do sistema DMC, uma constelação de cinco satélites internacionais. Uma equipe de cerca de 30 técnicos analisa 213 imagens que cobrem toda a Amazônia Legal. As áreas mais críticas, como as do chamado "Arco do Desmatamento", uma larga faixa do território brasileiro que corre paralela às fronteiras das regiões Norte e Centro-Oeste, são as primeiras a serem analisadas.

Radiação

Concepção artística do satélite Terra, da Nasa. (Foto: Nasa)
O Monitoramento de Focos de Queimadas, por sua vez, acontece por meio do rastreamento do espectro de radiação eletromagnética da superfície terrestre. É uma técnica semelhante à que satélites militares já utilizaram para vigiar o lançamento de mísseis inimigos. A radiação do calor produzido pelo lançamento, assim como pelo fogo na mata, é registrado por um sensor do satélite. Ao contrário do que acontece com o Prodes e o Deter, o mapa de queimadas não é produzido por técnicos, mas por algoritmos que automatizam o processo.
Com esse método, o reflexo da luz do sol sobre espelhos d'água poderia ser erroneamente interpretado como fogo. Por isso, uma máscara com todos os rios e lagos é aplicada sobre o mapa de queimadas, deixando apenas os pontos detectados em terra.
O sistema é atualizado seis vezes por dia com dados de diferentes satélites estrangeiros, como a dupla Terra/Aqua e os satélites ambientais Goes 10 e Goes 12, também da Nasa. Os dois últimos são geoestacionários, ou seja, giram na mesma velocidade angular da Terra, a cerca de 36 mil quilômetros de altitude, sempre sobre o mesmo ponto da superfície (o Goes 12 está posicionado sobre o Rio Amazonas). O Inpe mapeia queimadas em todo Brasil e em países vizinhos também. No Amazônia.vc, contudo, são utilizados apenas os dados referentes à Amazônia Legal brasileira.

Ass: Desmatamento Brasil (desmatamentobr.blogspot.com)

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