RIO - O desmatamento para troca de árvores, autorizado pela  Secretaria municipal de Meio Ambiente, de cinco mil metros quadrados do  Parque da Catacumba, na Lagoa, tem tirado o sossego de moradores de  edifícios vizinhos. O grupo teme assistir de camarote a novos  deslizamentos de encostas na área interna do parque e reclama que os  rastros das fortes chuvas de abril ainda provocam a interdição de  trilhas na área de lazer.  
Moradora do bairro há 30 anos, a arqueóloga Sandra Suarez lembra  que seu edifício, o Villa Lobos, foi um dos primeiros erguidos ao lado  do parque, e que ela e o marido chegaram a plantar árvores frutíferas na  área de lazer:  
- Estamos muito preocupados com a remoção das árvores e a  proximidade da estação das chuvas. Não sei até que ponto isso vai abalar  a encosta. Escuto o barulho da motosserras e fico apavorada.  
Um guarda ambiental, que não quis se identificar, disse temer  esperar mais dez anos para que obras de contenção sejam feitas no  parque, como ocorreu em 1996, quando fortes chuvas provocaram  deslizamentos:  
- Em 96, várias encostas cederam aqui no parque, e obras de  contenção e liberação das trilhas só foram feitas em 2006. Serão preciso   mais dez anos para priorizarem o parque?  
Responsável pela remoção das plantas exóticas e plantio de 600  mudas de espécies nativas na Catacumba, a Gerência de Unidade de  Conservação (GUC) informou que a derrubada das árvores de espécie lucena  e sabiá terminou nesta semana e que, em outubro, será finalizado o  plantio  de ipês, pau-brasil, pau-ferro, cedros e jequitibás, entre  outras espécies.   
- A Geo-Rio analisou o solo e atestou que não existia risco de  instabilidade. As áreas que cederam não foram tocadas por nós. E  dependemos de um projeto da Geo-Rio para fazer a contenção das encostas  que cederam - disse Isabela Lobato, uma das gerentes da GUC.  
Através de nota a Geo-Rio informou que não remove plantas sem  autorização da Secretaria municipal de Meio Ambiente em áreas de  preservação, como o Parque da Catacumba. Sobre os trechos interditados, a  Geo-Rio esclareceu que as trilhas estavam oferecendo riscos aos  visitantes do parque. "A Geo-Rio prioriza, neste momento, as obras  emergenciais em locais com risco iminente de acidentes - o que não é o  caso da trilha do parque", afirma a nota.  
Especialistas na área ambiental louvaram o trabalho de  substituição das plantas exóticas por nativas e enfatizaram que a  remoção de árvores num solo inclinado deve ser feita de forma  criteriosa, com agilidade e longe do período das chuvas.  
- A remoção de qualquer planta num solo inclinado provoca, sim,  uma certa área de instabilidade. Mas o trabalho, sendo acompanhado pela  Geo-Rio e feito de forma bastante cuidadosa e rápida, não deve  representar riscos - salientou o professor de ecologia Francisco de  Assis Esteves.
Fonte: O Globo
 
 
 

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