11 de setembro de 2010

Desmatamento no Parque da Catacumba preocupa moradores da Lagoa

RIO - O desmatamento para troca de árvores, autorizado pela Secretaria municipal de Meio Ambiente, de cinco mil metros quadrados do Parque da Catacumba, na Lagoa, tem tirado o sossego de moradores de edifícios vizinhos. O grupo teme assistir de camarote a novos deslizamentos de encostas na área interna do parque e reclama que os rastros das fortes chuvas de abril ainda provocam a interdição de trilhas na área de lazer.
Moradora do bairro há 30 anos, a arqueóloga Sandra Suarez lembra que seu edifício, o Villa Lobos, foi um dos primeiros erguidos ao lado do parque, e que ela e o marido chegaram a plantar árvores frutíferas na área de lazer:
- Estamos muito preocupados com a remoção das árvores e a proximidade da estação das chuvas. Não sei até que ponto isso vai abalar a encosta. Escuto o barulho da motosserras e fico apavorada.
Um guarda ambiental, que não quis se identificar, disse temer esperar mais dez anos para que obras de contenção sejam feitas no parque, como ocorreu em 1996, quando fortes chuvas provocaram deslizamentos:
- Em 96, várias encostas cederam aqui no parque, e obras de contenção e liberação das trilhas só foram feitas em 2006. Serão preciso mais dez anos para priorizarem o parque?
Responsável pela remoção das plantas exóticas e plantio de 600 mudas de espécies nativas na Catacumba, a Gerência de Unidade de Conservação (GUC) informou que a derrubada das árvores de espécie lucena e sabiá terminou nesta semana e que, em outubro, será finalizado o plantio de ipês, pau-brasil, pau-ferro, cedros e jequitibás, entre outras espécies.
- A Geo-Rio analisou o solo e atestou que não existia risco de instabilidade. As áreas que cederam não foram tocadas por nós. E dependemos de um projeto da Geo-Rio para fazer a contenção das encostas que cederam - disse Isabela Lobato, uma das gerentes da GUC.
Através de nota a Geo-Rio informou que não remove plantas sem autorização da Secretaria municipal de Meio Ambiente em áreas de preservação, como o Parque da Catacumba. Sobre os trechos interditados, a Geo-Rio esclareceu que as trilhas estavam oferecendo riscos aos visitantes do parque. "A Geo-Rio prioriza, neste momento, as obras emergenciais em locais com risco iminente de acidentes - o que não é o caso da trilha do parque", afirma a nota.
Especialistas na área ambiental louvaram o trabalho de substituição das plantas exóticas por nativas e enfatizaram que a remoção de árvores num solo inclinado deve ser feita de forma criteriosa, com agilidade e longe do período das chuvas.
- A remoção de qualquer planta num solo inclinado provoca, sim, uma certa área de instabilidade. Mas o trabalho, sendo acompanhado pela Geo-Rio e feito de forma bastante cuidadosa e rápida, não deve representar riscos - salientou o professor de ecologia Francisco de Assis Esteves.

Fonte: O Globo

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